sábado, 22 de agosto de 2009

ADORO PAU MOLE


Adoro pau mole.
Assim mesmo.
Não bebo mate
não gosto de água de coco
não ando de bicicleta
não vi ET
e A-D-O-R-O pau mole.

Adoro pau mole
pelo que ele expõe de vulnerável e pelo que encerra de possibilidade.

Adoro pau mole
porque tocar um pressupõe a existência de uma intimidade e uma liberdade
que eu prezo e quero, sempre.

Porque ele é ícone do pós-sexo
(que é intrínseca e automaticamente
- ainda que talvez um pouco antecipadamente)
sempre um pré-sexo também.

Um pau mole é uma promessa de felicidade sussurrada baixinho ao pé do ouvido.

É dentro dele,
em toda a sua moleza sacudinte de massa de modelar,
que mora o pau duro e firme com que meu homem me come.

Maria Rezende (ou Maria da Poesia) -


Um comentário:

Marlos Salustiano disse...

Extraordinário esse poema!!

Acho que a verdadeira, a maior, a mais crucial e maturadora atitude que nós homens poderíamos tomar seria essa: a de aprendermos a RESPEITAR nosso pau quando mole.

A obrigação da DUREZA (o superego machista que obriga o homem à uma super-ereção que não é produto de um desejo natural, mas sim de um dever cultural de ser "machão") é exatamente a matriz patogênica de tantos e tantos casos de IMPOTÊNCIA de fundo psicológico.

O Viagra apareceu pra ajudar a solucionar os casos de disfunção erétil provocada por problemas somáticos, mas acabou também quebrando um grande galho pra resolver (disfarçar) os casos de disfunção provocada por INSEGURANÇA.

Resultado: criou-se um novo vício (muito comum entre os jovens), de usar (e abusar) dessas novas drogas.

Mas aí quando o camarada tá sem grana pra comprar viagra/cialis/levitra ele faz o quê?

"Desculpa, querida, hoje não vai rolar porque tô com dor de cabeça" ?*rsrs

Enfim: é aí que somos levados devolta ao verdadeiro campo de batalha: nossa mente!

E um poema (repito) extraordinário como esse é salutar em seu modo de apontar pra beleza transcedental da INTIMIDADE, do desejo carregado de humor, ternura, criatividade e principalmente de ACEITAÇÃO da alteridade (esteja ela "dura" ou "mole"*rsrs)!


Há braços!